Virou clichê. No Brasil, o passado não acaba de passar. Em 1889, o suposto favorecimento da monarquia à causa da libertação dos escravos motivou o golpe que instaurou o regime republicano. Em 1964, como mostra o autor de Trabalhadores no tribunal, a percepção de que a justiça andava beneficiando trabalhadores uniu militares e empresários no ataque à democracia. Em 2016, um golpe prenhe de adjetivos -parlamentar, midiático, judicial- ameaça a democracia de direitos criada sob o manto da constituição de 1988. Historiadores de ofício sabem que seus conhecimentos não permitem prever cousas futuras. No entanto, reconhecem o passado cada vez que ele reaparece, a mesma pele de roupa nova. Se fosse poema, seria assim: "No meio do caminho tinha um passado; tinha um passado no meio do caminho...". O resto em Drummond.