«Não sei nada do México e tenho uma mochila. Este Octavio Paz ou aquele Juan Rulfo? Os dois. Poetas mexicanos contemporâneos ou Roberto Bolãno? Poetas mexicanos contemporâneos.,Uma poeta do mesmo ano que eu: Amanhã é nunca. [...] Ninguém poderá alguma vez dizer que viu a Cidade do México. Quando a começamos ver, calamo-nos, e depois nunca mais acabamos de a ver. Às seis da tarde parece Inverno. Mas não é Inverno, é a estação das chuvas. O Verão começou ontem. O chão brilha. Os aztecas celebravam a chuva como um deus. Também receberam Cortés como um deus, abrindo os braços ao apocalipse, e por cima do apocalipse o império espanhol ergueu esta cidade. Cinco séculos depois é a mais extensa do mundo. Os mexicanos nem a tratam como cidade. Chamam-lhe D.F. ou simplesmente México. Tanta gente junta mete medo. [à],Na saída, três barraquinhas de "táxis autorizados" competem pelo preço fixo: o equivalente a dez euros até ao centro. E os residentes mais cautelosos não aconselham a trocar pesos,no aeroporto desde que um francês foi seguido e assassinado depois do câmbio. Vinha dar aulas à universidade.,A Cidade do México é isto: a partir de agora somos bichos em alerta.»