A presente obra visa, essencialmente, discorrer sobre o dissentismo cultural, o antagonismo étnico, a emulação religiosa, as incidências endógenas e o intervencionismo externo, que perfizeram o conjunto de circunstâncias conducente à deflagração do conflito bélico no Kosovo. Para a consecução deste trabalho, baseámo-nos, em parte, nos dados da experiência por nós adquirida ao longo do período em que chefiámos a Delegação Portuguesa junto da Missão de Monitores da Comunidade Europeia (ECMM), em Zagreb, de Novembro de 1992 a Agosto de 1995, durante o qual tivemos o ensejo de nos deslocarmos ao âmago territorial de Kosovo e Metohija, onde pudemos colher o essencial sobre a conflitualidade emergente na região, não só como fruto da nossa presencial observação directa, mas também em resultado dos múltiplos contactos pessoais mantidos com representantes da soberania sérvia e personalidades albanesas secessionistas. A documentação emanada da própria ECMM sobre a questão albanesa constituiu também importante acervo subsidiário para o primeiro impulso deste trabalho, depois complementado com excertos de obras sérvias e albanesas de cariz histórico, bem como mediante a análise dos concernentes acordos, tratados e convenções, a par da consulta atenta de textos especulativos e reportagens jornalísticas sobre a génese e evolução do conflito no Kosovo, que, neste nosso excurso diacrónico, procuramos apresentar com estrita objectividade e escrupulosa probidade.