Catarina Nunes de Almeida lembra e recria, neste seu terceiro livro, as medievais cantigas de amigo e de amor. Imaginário de música e cantos de segréis, trovas de poetas e memoráveis danças de donzelas de corpos finos. Nos ecos dessas seroadas segura a música do seu universo poético, que cerziu a mulher à natureza e dessa ligação fez nascer íntimos catálogos de pássaros, árvores e frutos, novos espaços de idioma, pelejas, sínteses e fábulas. Move-se, com passo seguro, do antigo para o novo e do novo para o antigo, com a graciosidade e o assombro das bailadas, entre æFolguedos e Noites de PastoreioÆ, æBarcarolas ou Manhãs FriasÆ, æMágoas ou Cantos de AlvoroçoÆ e æCantigas de RomãzeiraÆ. Volta, com Bailias, a colocar a poesia no seu primordial lugar de cântico: «Irei eu em todas as minhas mãos / pégasos e ventanias / o corpo preso por um frio gentil / o corpo a tilintar de sonhos. // Serei eu o que ele for / na cavalgada».