antologia temática cronológica
Reúnem-se nesta Antologia textos fundamentais de Agostinho da Silva, ordenados temática e cronologicamente, numa introdução cómoda ao seu vasto pensamento e obra. Figura absolutamente ímpar da cultura luso-brasileira, Agostinho da Silva deixou, entre a sua vinda ao mundo, a 13 de Fevereiro de 1906, e a sua partida dele, no domingo da Ressurreição, em 3 de Abril de 1994, uma vida exemplar e pujante de pensamento e acção: das traduções e estudos clássicos à educação popular, da insubmissão perante o antigo regime à prisão e auto-exílio no Brasil, da fundação de universidades e centros de estudos ao aconselhamento de presidentes, governos e políticas culturais internacionais, da criação de vasta rede de amizades em todo o mundo à partilha dos recursos com os mais necessitados, do domínio de múltiplas línguas à publicação de imensa obra pedagógica, científica, literária e filosófica, da conversão da casa de Lisboa em tertúlia aberta à intensa e viva presença mediática no final da vida e à antecipação de um novo paradigma cultural e civilizacional, centrado na realização plena de cada ser humano ao serviço do bem da Terra e de todos os seres. Espírito livre, inconformista e original em todos os domínios, colocou as ideias e a vida ao serviço do pleno cumprimento de todas as possibilidades humanas. Em ¡conformidade, e na linha de Luís de Camões, Padre António Vieira, Fernando Pessoa e Jaime Cortesão, intuiu a superior vocação da cultura portuguesa, brasileira e lusófona como a de oferecer ao mundo o seu espírito aberto, fraterno e universalista, contribuindo para a criação de uma comunidade ético-espiritual mundial onde se transcendam e harmonizem as diferenças nacionais, culturais, ideológicas e religiosas. Inspirador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), antecipou a urgência da consciência ecológica e ecuménica e da ética animal, propondo um verdadeiro diálogo inter e trans-cultural, inter e trans-religioso, entre o Norte e o Sul, o Ocidente e o Oriente, como forma de superar precon¡ceitos e antinomias que sempre resultam em ignorância, opressão e violência. Pensador do terceiro milénio, é hoje referência incontornável da cultura lusófona e do debate de ideias que, nesta crise e fim de ciclo civilizacional, nos desafia a um Renascimento integral e planetário.